Winne Grangeiro, frontwoman da Arcantis, também comentou sobre a participação da banda no Caio Fest3 (Women Edition) que acontecerá em março
No último sábado (09), Winne Grangeiro, vocalista da Arcantis, nos concedeu uma entrevista sobre a banda. Nela, conversamos sobre a cena no Nordeste, o espaço que as mulheres vêm conquistando no Rock e Metal, os futuros projetos e a participação no Caio Fest 3, idealizado pelo Caio Cesar.
De origem baiana, a banda Arcantis foi formada por colegas de colégio em meados de 2010. Porém, foi através da chegada de Vinícius Alvarez (guitarrista e noivo de Winne) que a banda começou a produzir músicas autorais, tendo como inspirações os gêneros Symphonic Metal e Power metal. "Colocamos fantasia nas letras com um pouquinho da realidade, só que de forma metafórica", completou Winne.
Confira a seguir o nosso bate-papo: ROCK EM SÍNTESE - Quais as dificuldades de se manter na cena do Rock na região Nordeste? Falta espaço?
WINNE GRANGEIRO - Com relação a cena no Nordeste, eu acho que ainda somos um pouco estigmatizados. O pessoal de fora ainda não enxerga o Nordeste como o centro disso. Aqui em Salvador, nós temos o (festival) Palco do Rock, que acontece durante o carnaval, temos o Rock de Baton, alguns pequenos eventos (na capital) e também no Interior, que é o que ajuda a manter a cena. Mas tirando isso, a cena está um pouco fraca. Acho que poderia melhorar se o público também pedisse aos produtores das cidades pra chamar as bandas, começassem a comprar as merchandising das bandas... e dessem esse incentivo. Isso ajudaria muito.
ROCK EM SÍNTESE - No Nordeste existem muitas bandas de Rock e Metal excelentes, mas que não têm reconhecimento devido à falta de investimento, e até mesmo por preconceito com o gênero na própria região. Qual a opinião de vocês sobre isso?
WINNE GRANGEIRO - Pode haver sim, o preconceito com o gênero. Nós somos estigmatizados. Pode parecer que bandas de Metal no Nordeste são deixadas um pouco de lado porque todo mundo pensa que o Nordeste é terra só do Forró, só do Axé... E não é bem assim.. Quando você olha para o Nordeste, pode encontrar bandas que podem te surpreender, e que não devem nada para outras bandas de fora. Pode ser falta de investimento, de espaços pra isso no Nordeste, na questão de estúdios voltados para gravar esse tipo de som... Falta espaço para as bandas quererem persistir (na cena). Há uma grande dificuldade por questão de custo também.
ROCK EM SÍNTESE - Vocês já sofreram algum tipo de preconceito por serem uma banda de metal nordestina?
WINNE GRANGEIRO - Sobre preconceito, pelo menos não vejo acontecer com a banda, o que eu posso afirmar que acontece é existir dificuldade em relação a questão de traslado, pois quando falamos q a banda é da Bahia, eles falam: “poxa, que pena! A banda é massa, mas vocês moram longe demais... aí fica difícil, a não ser que vocês paguem pra vir pra cá”. E isso é chato, porque você vê que muitas bandas do sul, sudeste e centro-oeste podem não encontrar esse problema. Então... alguns de nós aqui no Nordeste sofrem com estas barreiras. Fora a questão do traslado, de não quererem custear o nosso transporte... O que falta mesmo é a logística.
ROCK EM SÍNTESE - Sabemos que bandas com vocais femininos estão ganhando espaço na cena, mas que ainda existe um certo preconceito com elas. Qual a sua opinião sobre isso?
WINNE GRANGEIRO - O que eu vejo com relação a isso é que eu acho que melhorou a cena para bandas de Rock e de Metal com mulheres, né? Mas ainda sim, eu vejo preconceito. E o que é mais triste, é quando o preconceito parte da própria cena. Pessoas que não aceitam que bandas de Metal tenham uma vocal, certo? Ou então, “será que elas tocam igual homem, essa guitarrista?”, e isso soa até machista. E é uma coisa que tem que ser combatida. Se a mulher quiser participar de qualquer coisa, ela pode. Basta ela lutar, basta ela persistir. E isso não pode ser diferente na nossa cena. Que é uma cena que luta contra o sistema e que luta contra preconceitos.
ROCK EM SÍNTESE - O último álbum de vocês foi lançado em 2017, e o último single em 2019. Há chances de lançamento de algum single ou até mesmo um álbum ainda em 2021?
WINNE GRANGEIRO - Sim, sim. Nós estamos trabalhando em um novo single. E depois que lançarmos esse single, iremos pensar no álbum. E já temos músicas pra fazê-lo. Mas o single já vai ser gravado. Nós estávamos trabalhando nele antes da pandemia, e quando ela deflagrou, duas pessoas saíram da banda. Então a gente teve essa pequena demora. Aí tivemos que ensaiar com os novos integrantes da banda, e vamos ensaiar novamente na semana que vem para finalizar a gravação desse single e lançar ele com a nova arte do álbum.
ROCK EM SÍNTESE - A Arcantis vai participar de alguns eventos nesse primeiro semestre, entre eles, a 3ª Edição do Caio Fest, que terá apenas atrações da cena feminina no Rock. Quais as suas expectativas para a apresentação?
WINNE GRANGEIRO - As expectativas para o Caio Indica Fest 3 são as melhores. A gente está muito feliz, porque mesmo dentro de uma pandemia, a gente vai está se movimentando e mostrando o nosso som para outros lugares, ainda que seja online. E com bandas que já têm mais espaço que a gente. Então, isso já é legal. Bem bacana mesmo, estamos felizes pra caramba. E também tem o show de Vitória da Conquista, aqui na Bahia, que já foi remarcado pra esse ano... Fora outras coisas que devam acontecer até o fim do ano (com a chegada da vacina). Muitos festivais que vão acontecer querem a Arcantis.
ROCK EM SÍNTESE - E para finalizar, qual seria a parceria dos sonhos?
WINNE GRANGEIRO - Não vou lhe dizer que seria um show do Iron Maiden, porque toda banda de Metal pensa nisso. Mas, assim, parcerias do sonho mesmo... a gente curte muito Nightwish... Mas uma banda que eu estou curtindo muito e que se rolasse uma parceira seria muito legal é o Sabaton, além do som que eu acho demais, os caras parecem ser muito gente boa. Além disso, se for em questão de opinião de toda a banda, seria bom parcerias com Nuclear Blast, com o Sepultura, o Angra... entre outros
Confira o vídeo mais recente da banda Arcantis, gravado ao vivo no Estúdio Casarão em Salvador, e lançado no Power Woman Festival, em 22 de dezembro, festival online:
The Magic Of The Ring faz parte do álbum From Ashes to Eternity, lançado em 2017. A banda é composta por Winne Grangeiro (Vocal), Vinícius Alvarez (Guitarra), Diego Linhares (Guitarra), Everton Felipe (Baixo), Marcus Menezes (Teclados) e Luan Fariaz (Baterista).
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