top of page

Victor Boaventura cria projeto que promete fomentar a cena independente no Nordeste

  • Foto do escritor: Giselly Vitória
    Giselly Vitória
  • 22 de fev. de 2022
  • 6 min de leitura

Atualizado: 10 de dez. de 2024

Idealizada por Victor, a Sociedade de Música Autoral Sergipana (SAMS), busca divulgar artistas autorais e independentes


Victor Boaventura. Foto Reprodução/Instagram
Victor Boaventura. Foto Reprodução/Instagram

Diretamente de Sergipe, o músico Victor Boaventura nos concedeu entrevista exclusiva sobre a carreira artística e como surgiu o projeto da Sociedade de Música Autoral Sergipana (SAMS), que por meio de parcerias, vai criar maneiras para fomentar a cena nordestina do rock autoral e independente.


O cantor sergipano não se acomodou na zona de conforto da cena e busca fomentar o gênero, não apenas na terra natal, mas em toda a região nordeste. Ao notar a falta de espaço e, consequentemente, a escassez de visibilidade do rock no Nordeste, Victor decidiu criar um projeto que por meio de apoiadores e patrocínios, vai buscar incentivar artistas e bandas que querem ser reconhecidas pela arte que fazem.


Victor é cantor, guitarrista, compositor, e já lançou dois EPs: "Homem de Barro" e Midnight Train", o terceiro EP está em produção e será lançado em breve. Atualmente, seus trabalhos são vinculados ao selo Caravela Records e distribuídos pela Warner Music Brasil.


Recentemente, o músico lançou o single "Calma", faixa que estará inclusa no terceiro EP de estúdio e, que tem a participação especial de Lucas Black, guitarrista da Mantre.



Confira nosso bate-papo:



Rock Em Síntese - Como começou seu gosto por música? E quando você percebeu que era o caminho que desejava seguir?


Victor Boaventura - Meu gosto por música começou quando criança, eu sempre estava envolvido com coisas relacionadas a arte, principalmente na escola. Mas o start de tudo, foi quando minha mãe deu de presente um violão ao meu pai e ele me obrigou a ir para igreja com ele para aprender a tocar, então todo domingo estávamos lá. O engraçado disso tudo era que eu odiava aquilo, porque deixava de brincar com meus amigos para ficar na igreja (risos). Não demorou até meu pai desistir de aprender e eu acabei ficando para entender o instrumento, porém ainda muito sem ânimo.


Até que um dia na escola, vi um menino com um violão, e ele tocava super bem, ficamos conversando sobre música e ele me apresentou algumas bandas como: Korn, Metallica, Scorpions e Sepultura. Quando ouvi essas bandas, meu mundo virou do averso, tudo aquilo era empolgante para mim, toda aquela sonoridade, apesar de não entender quase nada do que eles diziam. Agora havia a curiosidade e a vontade de aprender, logo saí da igreja e comecei a comprar revistinhas que ensinavam as músicas, mas eu só soube que eu queria fazer isso da vida mesmo após ouvir Cazuza, em um disco empoeirado que estava escondido na casa de minha avó. O disco era do meu pai, creio que tenha sido o último que o Cazuza fez, lembro de ter acabado de ouvir o disco todo e pensado: “é exatamente isso que eu quero fazer, eu quero ter essa coragem, compor músicas incríveis como essas e ficar de frente para multidões”.




Quais as dificuldades que marcaram o início da sua trajetória como músico sergipano?


As dificuldades no cenário sergipano sempre foram grandes, ainda mais quando você quer fazer rock no nordeste, no lugar que é o menor estado do país. E, para piorar, havia na época, como até hoje, uma cultura de cover muito forte, as pessoas que faziam música autoral era um grupo seleto e extremamente fechado, assim como os lugares onde era possível tocar. Então desde os 15 anos, eu já buscava fazer eventos na cidade por conta própria junto com meus amigos, um deles, hoje guitarrista do projeto, o Matheus Alcântara, me ajudava demais, batíamos em vários locais que tinham espaço para realizar evento e tentávamos convencer as pessoas que seria algo bom para eles também, sinto que até hoje quase nada mudou desse cenário.




Desde que a pandemia começou, você já voltou aos palcos? Qual sensação você teve?


Sim! Me sinto abençoado e muito agradecido por ter conseguido passar por tudo isso e ainda poder voltar aos palcos. A minha sensação de início foi de receio, ficava sempre preocupado com o que poderia acontecer depois, mas ao subir no palco, foi possível esquecer tudo por um instante e pude sentir toda aquela energia positiva incrível que a plateia emana para nós, músicos. Também matei a curiosidade de saber qual seria a reação das pessoas com as minhas músicas do EP anterior, o "Homem de Barro" pois, ele foi lançado no pico da pandemia e ainda não havia tido a oportunidade de tocar essas músicas ao vivo.




Recentemente você criou o projeto S.A.M.S., como surgiu e qual o principal viés da campanha?


A S.A.M.S surgiu de uma necessidade de espaço pois, logo quando as coisas voltaram a abrir, vi uma cidade ainda mais fechada para música autoral e muitos artistas cheios de materiais gravados e produzidos com ajuda dos editais, sem ter lugares para divulgá-los. Então decidi criar uma Sociedade Autoral de Música Sergipana e pedi a ajuda de 3 pessoas extremamente importantes no projeto, que sem eles, isso não seria possível o Rafael, dono do melhor pub de rock da cidade o Taberna Rock bar; e o Thiago Razorman e seu sócio Álvaro Cardoso, donos de uma barbearia e estúdio de tatuagem aqui da cidade, um lugar incrível chamado Tradhouse. Juntos desenvolvemos ideias de eventos de rua, gratuitos, onde poderíamos ajudar os comerciantes locais e as bandas autorais e também foi possível a criação do Rock Câmbio Nordeste, evento que tem como objetivo fazer um intercâmbio entre as bandas de rock dos estados de Alagoas, Bahia e Sergipe. O primeiro evento irá acontecer no dia 26/02 no Taberna Rock Bar, uma das bandas inclusive já passou por aqui, a Agrestia, banda que diga-se de passagem sou muito fã! A outra banda que irá tocar nesse dia, além da Agrestia e eu, é uma banda que descobri recentemente na cidade e tem uma sonoridade e atitude bem poderosa a Origami Aquém. Então espero que essa sociedade possa crescer e a gente possa ter um pouco mais de espaço na cidade para a música autoral porque temos muita gente produzindo e gente muito boa como: Skabong, Mantre, Três Terços, Karne Krua, Maúa, Aruanda Revival, Anne Carol etc..

O que inspirou o nome do projeto? Há alguma história que remete à escolha?


O nome foi inspirado pela ideia de comunidade, a ideia de que a gente possa se ajudar trocando trabalhos e ideias para chegarmos em um objetivo maior onde poderíamos obter recursos para mantermos vivos os nossos projetos. Em relação a história, eu acho que bebi muito da fonte do punk rock quando adolescente, então a ideia do "faça você mesmo" sempre esteve rondando minha cabeça então decidi colocar em prática.



Como o projeto vai funcionar e quais estados vai abranger?


O projeto vai abranger por enquanto, os estados de Sergipe, Bahia e Alagoas, estando aberto para todos os estilos musicais desde que a proposta do projeto seja autoral. Artistas devem enviar seus trabalhos para o e-mail: sams.arte@outlook.com, esse material será avaliado e, se aprovado, será encaixado em um dos eventos da SAMS que tenha a mesma proposta da banda. Todos que participarem vão receber cachê, orientação de local mais barato para ficar na cidade, ajuda mínima de custo de 100$ para artistas de fora, poderão ser sorteados para obter uma gravação acústica sem custo com o produtor Lucas Paixão, que produziu diversos trabalhos meus, e há outras coisinhas que estamos buscando que agora não posso revelar.




O que podemos esperar de novidades para ainda este ano?


Esse ano ainda irá ser lançado meu mais novo EP: "Calma". Ainda pretendo lançar dois clipes e um documentário sobre o movimento da S.A.M.S, todos esses serão produzidos e gravados pelo talentoso Lucas Menezes e a brilhante Alícia Roberta.



O quão importante são as mídias sociais para a divulgação de sua carreira e de seu projeto?


As mídias sociais, em especial, o Instagram, viraram parte do processo. Hoje, o artista precisa estar por dentro de absolutamente tudo o que acontece nessas mídias e precisa aprender a utilizá-las a seu favor. Depois do processo de gravação de um material é preciso já saber quais serão as estratégias de marketing usadas para a divulgação. No meu caso, tento estar em contato direto com meu público, buscando sempre ser eu mesmo e ajudar outras pessoas que talvez tenham dúvidas em coisas que já passei e aprendi. Tento mostrar também um pouco do meu dia a dia e aprender com eles sobre vários temas, pois já que estou em uma rede social, então por que não socializar certo? (risos)



Como você está administrando a agenda e os cuidados contra o surto de gripe e da nova variante da covid-19 no país?


Com muito cuidado na medida do possível, sempre procuro ver como estão os números de casos, se o dono do local tem controle sobre seu estabelecimento e as pessoas que o frequentam, procuro saber dos membros da banda que me acompanha, se todos estão bem e se por acaso eu venha a sentir algo, busco fazer logo o teste para ter certeza que não vou prejudicar ninguém. Tenho buscado essa retomada aos poucos, com muita paciência, às vezes é frustrante pois hoje tenho propostas de várias cidades para tocar, mas não tem outro modo, temos que pensar na comunidade como um todo. Creio que trabalhando e com calma, as coisas vão acontecer. O EP fala muito disso também, dessa importância de as vezes pararmos para respirar e analisar sobre o que estamos fazendo, ao invés de sermos sempre reativos. Brinco que estamos na geração de exclamações e ponto finais, talvez seja mais interessante colocarmos mais interrogações e pontos contínuos.


Defina seu projeto em uma palavra:


Mutável.

Comments


bottom of page