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  • Foto do escritorGiselly Vitória

“SOMENTE TEREMOS UMA CENA SÓLIDA QUANDO PASSARMOS A APOIAR MAIS AS BANDAS”, RESSALTA A ANTIPORCOS

Em conversa por e-mail, pudermos conhecer mais sobre a banda de punk soteropolitano

Antiporcos / Divulgação

Em fevereiro, tivemos o prazer de conversar com a banda de Punk soteropolitano, Antiporcos, e pudemos compreender um pouco mais sobre a trajetória e as mensagens de luta que o gênero proporciona aos ouvintes. Após a formação, a banda produziu uma demo, quatro EPs, e possui duas participações em coletâneas, entre elas estão: "Brasil Oi! e Nordeste em chamas".


O grupo é composto por Dudu (vocal), Lucas (baixo), Paulo (guitarra) e TP77 (bateria). Mas antes da Antiporcos ser formada em 2014, os integrantes já participavam de outras bandas, "Lucas tocou na Teenage Buzz, TP77 tocava na The Honkers, Dudu tocava na Derrube o Muro e Paulo, aliado com TP77 e Lucas, faziam parte da Barrunfo do Samba", disse o grupo.


Com influências de bandas como: Bosta Rala, Flicts, Buzzcocks e Los Fastidios, os músicos produzem um som singular com batidas e letras que retratam o verdadeiro punk. "Somos pessoas cheias de defeitos, falhas e não é porque defendemos causas que somos pessoas imaculadas ou melhores do que outras. Não! Apenas achamos que um mundo menos escroto seria um ambiente melhor para se viver", completou a banda.


Confira o nosso bate-papo:



ROCK EM SÍNTESE - O que vocês faziam antes de formarem a banda?


ANTIPORCOS - Basicamente o mesmo que fazemos hoje em dia, com pequenas alterações. Dudu e Paulo já estavam advogando, mas hoje em dia são sócios do escritório deles; Lucas ainda não estava cursando faculdade, mas atualmente cursa direito, e é estagiário no escritório de Paulo e Dudu; TP77 cursava Jornalismo, mas atualmente está fora do ambiente de faculdade, laborando de forma autônoma.


ROCK EM SÍNTESE - Como vocês decidiram ter “Antiporcos” como nome da banda? Quem sugeriu?


ANTIPORCOS - Foi Dudu. Na real acho que nem chegou a surgir outra ideia de nome, de pronto pela ideia da banda veio Antiporcos. O nome tinha que refletir nossa pauta principal, que sempre foi e sempre será a violência cometida pelo Estado. Uma das formas mais sujas dessa violência é a violência policial (porcos). Como somos contra isso, veio o Antiporcos. Contudo, a nomenclatura foi inspirada em uma banda muito foda de São Paulo, a Anti-Corpos. Então veio a ideia do nome, aliada com a inspiração do nome de uma banda que gostamos bastante.

ROCK EM SÍNTESE - Como a Antiporcos surgiu?


ANTIPORCOS - A banda surgiu no verão de 2014. Paulo e Dudu já se conheciam da cena hardcore local a muito tempo, porém só chegaram a ter um projeto de banda com duração de um ensaio. Nessa época eles trabalhavam juntos no mesmo escritório. Por outro lado, Dudu tinha retornado as fileiras da Torcida Organizada que faz parte, a qual TP77 compõe a Bateria, também criando esse vínculo. Fechando esse círculo, Paulo e TP77 tocavam juntos na Barrunfo do Samba, então dessa ligação foi nascendo a ideia de formar uma banda punkrock entre os três, já que nunca tinham tocado juntos e o som punk rock estava sempre presente na vida deles.


Depois de uma busca por pessoas que viessem a tocar guitarra, Breno que tocou na Fracassados do Underground topou colar na banda. Assim fizemos nossas primeiras músicas: “Liga pra mim” e “Insisto em viver”, ambas estão em nossa Demo e no nosso primeiro EP "Enquanto houver injustiça estaremos no front". Todavia, Breno não chegou a gravá-las, pois saiu da banda antes, momento em que Lucas, que tocava também na Barrunfo do Samba, assumiu o baixo e Paulo foi para guitarra, firmando assim a formação que dura até os dias atuais.


ROCK EM SÍNTESE - Quais as dificuldades em se manter na cena punk nordestina?


ANTIPORCOS - Creio que sejam as mesmas das bandas punks de outras regiões do país, com um plus: Aqui as pessoas não entenderam, ainda, que é "nóiz por nóiz". Somente teremos uma cena sólida quando passarmos a apoiar mais as bandas da região Norte/Nordeste, facilitar o trânsito dessas bandas pelos Estados e sobretudo, consumir os produtos dessas bandas. Enquanto a galera continuar mirando apenas o eixo, a cena punk nordestina e nortista vai continuar sobrevivendo, ao invés de ser uma cena forte e sólida.



ROCK EM SÍNTESE - Quais causas a banda apoia veemente na sociedade?


ANTIPORCOS - Primeiro de tudo, não pagando de individualistas, mas não fechamos fazemos parte de nenhum movimento social organizado, como costumamos dizer é sempre "nóiz por nóiz" mesmo. Um pelo outro e tentando fortalecer quem está em nosso entorno. Isso jamais nos impediu de apoiar diversas causas antirracistas, antiproibicionistas, do abolicionismo penal e questões relacionadas a liberdade para Torcer, pauta extremamente importante, por seus contornos exclusão social, mas por muitas vezes deixada de lado. Somos contra a LGBTFobia, contra a qualquer tipo de comportamento discriminatório e contra o machismo, apesar de nos reconhecermos como machistas, por sermos homens envolvidos no machismo estrutural que permeia em nossa sociedade.


ROCK EM SÍNTESE - Quais mensagens vocês querem transmitir aos ouvintes?


ANTIPORCOS - Falamos do nosso cotidiano. Se falamos de violência policial, é porque todos já foram vítimas desse tipo de violência; Quando falamos sobre futebol, é porque todos gostam do esporte e tem ligações com o mesmo; Quando falamos de Torcidas Organizadas, é porque dois integrantes têm essa vivência. Não utilizamos nossa música para narrar situações fantasiosas ou hipotéticas, o que você escuta ali é a nossa realidade, nosso "procedê". Então, a mensagem que passamos é simples: Passamos nossa vida e nossa ideologia ali, se a pessoa se identificar com aquilo vai curtir, se não, deve buscar algo que lhe agrade mais.

ROCK EM SÍNTESE - Quais as expectativas da banda para esse ano?


ANTIPORCOS - Esse ano, como o ano passado, está péssimo. Vivemos num momento sem futuro e sem esperanças, não sabemos o que nos reserva para agora ou sequer para daqui a dois meses. O país continua sendo assolado por uma pandemia escrota, os governantes não têm a mínima competência para, ao menos, minorar os impactos dessa pandemia na sociedade, sobretudo na parcela menos favorecida. Passamos por uma recessão econômica pesada, milhares de pessoas desempregadas, então sequer temos cabeça para muitos planos, as coisas têm acontecido sem muito planejamento.


Estamos desde o ano passado pendentes de lançar a versão física do nosso último EP "O Bagulho é Torcida", lançado até então apenas virtualmente, a pretensão é lança-lo em K7.

ROCK EM SÍNTESE - O quão importante são as plataformas de streaming para bandas brasileiras em busca de reconhecimento?


ANTIPORCOS - A opinião da maioria da banda é que são de extrema relevância, e geram uma visibilidade legal, trazendo assim benefícios aos artistas independentes. Dudu diverge dos demais, pois acredita que diferente da lógica do Napster ou Soulseek, as plataformas de streamings vem lucrando muito em cima das bandas independentes para que com esses recursos, apliquem nas campanhas publicitárias de artistas renomados, dando a esses a visibilidade que sempre tiveram.


Ou seja, pegaram algo maravilhoso que é o compartilhamento de músicas, sua disponibilização nas redes e transformaram na mesma coisa que as gravadoras grandes sempre fizeram. Mas essa é uma opinião isolada.

ROCK EM SÍNTESE - E por fim, como vocês definem a Antiporcos?


ANTIPORCOS - 4 caras indigestos.


Assista ao webvideo "Meu Baba", da Antiporcos:


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